Planejar e restringir? Não!
 



Planejar e restringir? Não!

por Luísa Aranha

Outro dia, alguém me questionou por que parecia tão fácil contar uma história para uma amiga e tão difícil escrever a mesma história. E eu fiquei com essa questão martelando na cabeça. Desde as fogueiras ancestrais até os dias de hoje, as narrativas têm desempenhado um papel fundamental em nossa comunicação e expressão. Oralmente, somos naturalmente hábeis em criar e transmitir histórias envolventes. No entanto, quando se trata de escrever, muitas vezes nos sentimos perdidos, buscando desesperadamente uma fórmula mágica, como a do herói, para guiar nossos esforços.

Por que, então, essa aparente disparidade entre nossa capacidade de contar histórias oralmente e a dificuldade em transpô-las para o papel? A resposta reside principalmente no planejamento efetivo de narrativas. Quando contamos histórias oralmente, muitas vezes o fazemos intuitivamente , deixando que nossas palavras fluam livremente. No entanto, ao escrever, é necessário um esforço consciente para organizar os elementos da história de maneira coerente e cativante.

O planejamento de narrativas é uma ferramenta valiosa que nos ajuda a superar essa lacuna entre a oralidade e a escrita. Ele nos permite construir histórias coesas, com começo, meio e fim, e bem estruturados. Embora algumas pessoas possam considerar isso uma restrição criativa, o planejamento de narrativas, na verdade, oferece um fio condutor que pode, a qualquer momento, ser remendado a medida que avançamos na história.

A verdade é que a criatividade não pode ser restrita a uma fórmula. Cada história é única e merece ser contada de maneira autêntica. O planejamento de narrativas deve ser considerado uma estrutura flexível, uma bússola que nos orienta, mas não nos prende. Ele nos ajuda a estabelecer os elementos essenciais da história, como personagens, conflitos, pontos de virada e resolução, mas nos permite explorar diferentes caminhos e abordagens criativas.

Ao planejar uma narrativa, é importante considerar não apenas a estrutura, mas também a profundidade emocional e o impacto que queremos causar no público. Uma história bem planejada é capaz de despertar emoções, fazer o leitor se identificar com as personagens e refletir sobre questões mais profundas. Portanto, o planejamento de narrativas deve ir além da estrutura superficial e buscar elementos que tornem a história significativa e memorável.

Além disso, é importante lembrar que nem todas as histórias precisam seguir uma estrutura linear ou uma fórmula específica. A experimentação e a inovação são fundamentais na criação de narrativas originais e envolventes. Ao se libertar das amarras da jornada do herói ou de outras fórmulas, podemos explorar novas perspectivas, estilos narrativos e estruturas não convencionais, criando histórias que surpreendam e encantem o público.

 

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