Atualmente, fala-se muito em redução de danos. A minha proposta pode, a princÃpio, parecer polêmica, mas é resultado de observações feitas durante mais de trinta anos de atividades na área da educação, da participação em inúmeros cursos e seminários e da autocrÃtica. Talvez o profissional que mais cause danos no exercÃcio da profissão, voluntária ou involuntariamente, seja o professor. Os motivos são vários: inexperiência, irresponsabilidade, falta de motivação, de comprometimento com a educação, pressões do próprio sistema, alienação... Alguns danos são irreversÃveis e tão sutis que a própria vÃtima não é capaz de detectar. Sente-se, muitas vezes, responsável pelo ocorrido julgando-se menos inteligente, menos capaz, um zero à esquerda.
Quantas vezes contribuÃmos para baixar a autoestima dos nossos alunos? Quantas vezes nos vingamos deles por não sermos capazes de resolver nossos próprios conflitos? Quantas vezes ignoramos um olhar aflito, um pedido de socorro?
A minha proposta é causarmos o mÃnimo de danos na medida do possÃvel. A regra de trânsito "na dúvida, não ultrapasse" deveria servir para nós, professores. Quando estivermos com muita raiva (afinal, somos humanos), sugiro sairmos de cena para refletir melhor. Quando não soubermos o que fazer, buscar ajuda com outros profissionais e não tentar resolver tudo como se fôssemos semideuses.
Às vezes, o aluno precisa apenas de um olhar de cumplicidade, de um gesto de carinho e não de um sermão. Não considero a adolescência desculpa para atitudes irresponsáveis, mas uma etapa da vida em que a instabilidade supera a própria razão.
Enfim, a minha sugestão é que respeitemos o aluno nos seus limites e descubramos as suas potencialidades para que se torne uma pessoa Ãntegra, responsável e que se lembre de nós, ao longo da vida, como alguém que realmente se importou com ele.