Annie Ernaux é eleita Prêmio Nobel de Literatura 2022
Luísa Aranha
Annie Ernaux, umas das escritoras contemporâneas vivas de maior relevância na França, ganha o Prêmio Nobel em um momento histórico. Seus livros de autoficção são relatos diretos que conversam com o leitor sobre temas difíceis que a sociedade tenta ignorar.
Em O Lugar, uma de suas obras de maior destaque, a relação distante entre ela e o pai é revisitada e nos mostra o exato momento do rompimento: a educação. Mas mais que isso, nos dá uma aula sobre consciência de classe.
Em O Acontecimento, sua obra mais criticada, a narrativa cruel de um aborto ilegal que a própria autora vivenciou na década de 60.
Suas experiências pessoais aliadas ao vasto conhecimento de sociologia e sua linguagem que beira uma conversa com o leitor trazem narrativas vivas e pertinentes com nossas questões sociais.
Anne tem uma extensa carreira, mas foram necessárias mais de três décadas, depois do seu primeiro livro, para que fosse reconhecida em seu próprio país. O Nobel de Literatura é mais do que merecido. Mas também é resultado de uma luta feminista que exigiu a suspensão do Prêmio em 2018 depois de graves denúncias de abusos sexuais por parte de um artista ligado à organização.
