CUJO, que varia em gênero e número (cujo, cuja, cujos, cujas), é um pronome relativo empregado quase que exclusivamente em variedades mais formais da língua. Quanto ao sentido, equivale a um pronome possessivo, ou seja, expressa uma relação de posse entre dois termos:
A criança cujos pais vivem ausentes tende a ser mais indisciplinada.
“cujos pais” corresponde a “seus pais”
Na linguagem informal, sem o emprego de cujo, a frase seria a seguinte:
A criança que seus pais vivem ausentes tende a ser mais indisciplinada.
Do ponto de vista sintático, cujo exerce a função de conectivo, assim como os demais pronomes relativos. Em outras palavras, os pronomes relativos ligam uma oração subordinada a um termo de outra oração.
Os indivíduos / cujos princípios são sólidos / não se deixam corromper. Temos neste período duas orações: uma principal Os indivíduos não se deixam corromper; outra subordinada, que qualifica “indivíduos”.
Vale destacar que as orações que iniciam por cujo, ou por outro pronome relativo (as chamadas orações adjetivas), vêm quase sempre encaixadas em outra. Isso ocorre porque as orações adjetivas devem vir logo após o termo que é por elas qualificado ou especificado. Vejamos outros exemplos:
Os atores / cuja atuação não agradou ao público / foram substituídos. (a oração adjetiva especifica quais atores)
A árvore / cujo peso das frutas fazia vergar seus galhos / tornou-se improdutiva com os passar dos anos. (a oração adjetiva qualifica/especifica qual árvore)
O prêmio foi dado a um escritor / cujas obras ainda são pouco conhecidas. (a oração adjetiva qualifica/especifica qual escritor)
Neste último período, a oração adjetiva não vem encaixada em outra, porque qualifica “escritor”, que é a última palavra da oração anterior.
Em relação ao uso de cujo e suas flexões, vale um lembrete:
Cujo, cuja, cujos e cujas sempre precedem um substantivo e nunca são seguidos de artigos: o, a, os, as.
O problema cuja solução é difícil
(Nunca cuja a solução
)
Os pais cujos filhos são saudáveis
(Nunca cujos os filhos
)
Também vale lembrar que não se trata de um pronome que está em desuso, mas de um pronome que exige mais cuidado ao ser empregado, por isso é mais comum encontrá-lo em situações de linguagem mais formais.