Ao longo de vinte anos, as redes Saraiva, Cultura e FNAC se espalharam pelo Brasil. Praticamente todas as capitais e grandes cidades do país ganharam suas megalivrarias, algumas delas luxuosas. Talvez até desmentindo a crença de que a população brasileira não se interessa por livros, elas se tornaram locais de visitação e pontos mais frequentados de shopping centers.
Pode-se dizer que tal crescimento foi uma decisão equivocada de seus executivos e acionistas. Mais ainda: várias vozes críticas denunciaram as práticas predatórias que acompanharam tal expansão e a concorrência por vezes brutal com as pequenas livrarias, muitas das quais foram obrigadas a fechar as portas. Usando sua força de venda, essas redes puderam também impor suas condições aos fornecedores e, como consequência natural em um ambiente de concentração, passaram a condensar seus negócios com cada vez menos editoras.
Com o poder adquirido, impuseram descontos e prazos de pagamento que podiam ser absorvidos apenas por pouquíssimas editoras. Tornou-se comum práticas como a de cobrarem pelo espaço na vitrine ou nos folhetos de propaganda, em um jogo no qual a maioria das editoras não tinha como competir. O resultado deste processo: concentração de lado a lado e perda substancial da bibliodiversidade.
O problema agora é que o desaparecimento dessas grandes redes não provocará o ressurgimento imediato das tantas pequenas livrarias que desapareceram por causa delas, ainda mais em meio à crise atual. A PL 2148, que espera a aprovação do Senado, traz medidas para apoiar as pequenas e médias livrarias em meio à crise decorrente da pandemia medidas de emergência para impedir que o mercado livreiro brasileiro desapareça. Ela tem o apoio daqueles que acreditam que o livro e a cultura são algumas das ferramentas essenciais para a recuperação nacional. Mas a PL 2148 não tem o objetivo de ajudar a criação de novas livrarias, muito menos de dar dinheiro para cobrir as dívidas de gigantes como Saraiva e Cultura.
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